Um caminho equivocado contra a democracia partidária no PSOL-Recife

Um setor do Diretório Municipal do PSOL em Recife decidiu anular as prévias para escolha da pré-candidatura ao município. Com isso, impossibilitaram das bases do partido decidirem democraticamente. A maioria da direção está tomando um caminho equivocado e é por isso que denunciamos publicamente a situação.

Com 4 votos, do total de 7 no DM, as correntes internas Primavera Socialista e Alternativa Popular, em um ato antidemocrático anularam um processo de prévias que deveria ter sido feito, já que no momento da reunião existiam duas candidaturas apresentadas desde novembro. Infelizmente, companheiros das correntes Resistência e Insurgência, mesmo sem representação no DM, apoiaram esta decisão equivocada.

Por consequência, também cassaram a candidatura do professor Paulo Rubem Santiago, que conta com o apoio das correntes que hoje denunciam este rumo antidemocrático que vai em direção oposta com a democracia e elaboração coletiva que o PSOL defendeu desde sua fundação.

A decisão corresponde a um objetivo político também equivocado: apoiar a candidata Marília Arraes do PT, que ainda não tem apoio do próprio PT local e por enquanto não estar confirmada. O PT vem sendo parte do governo municipal há 20 anos. O objetivo da frente sequer é para “derrotar o fascismo”, como vem sendo utilizado nacionalmente, mas para derrotar o governo municipal do PSB.

O PSOL nasceu como uma alternativa para o povo pobre e trabalhador que sofre as consequências dos governos burgueses. Muitas das correntes e militantes que hoje constroem o PSOL também já foram parte do processo de construção do PT, como expressão política de um forte avanço na mobilização que tinha o movimento dos trabalhadores organizados como ponta de lança. Mas com os anos, os trabalhadores e as trabalhadoras com suas lutas e reivindicações foram perdendo centralidade no PT e em seu lugar cresceu o poder de um setor burocrático que modificou o programa classista fundacional para tornar ele numa nova ferramenta política à favor da conciliação de classes e pela contenção das lutas contra o capital.

Para lutar contra a direita, precisamos ser uma alternativa política que defenda os direitos das e dos trabalhadores, dos milhares de jovens que trabalham em aplicativos de entrega e que hoje lutam por seus direitos trabalhistas, do povo negro contra o racismo, das mulheres pela igualdade social, dos sem teto por casa e dos povos indígenas contra a destruição capitalista. Fazer uma frente político-eleitoral com quem governa contra essas lutas deixa o espaço de oposição para a direita, o que seguramente alimentará consequências políticas negativas para a construção do partido. Nós, da Alternativa Socialista, continuamos na defensa de um PSOL de luta, radical, classista e democrático.