PSOL, desmobilizar o Dia 7 é traição!

Por Alternativa Socialista/PSOL

Frente à “escalada golpista” de Bolsonaro, que está convocando atos para o dia 7 de setembro, a Executiva Nacional do PSOL decidiu pela política do fique em casa e confiem nas eleições. Com esta política, o PSOL segue a cartilha do derrotismo: não fazer nada, deixar que Bolsonaro acumule força e confiar que as instituições da ordem resolverão tudo.

Pode parecer apenas um erro formal, afinal, trata-se de uma contradição um partido afirmar que: (a) “Em sua escalada golpista, Bolsonaro convocou seus apoiadores a se manifestarem no próximo dia 7 de setembro”; (b) “O presidente, isolado […] fará do 7 de setembro sua tentativa derradeira de ganhar terreno”; e tirar a conclusão: (c) “Consideramos prioritário que a resposta ao 7 de setembro bolsonarista seja uma mobilização democrática massiva no 10 de setembro em escala nacional”. Ou seja, a “tentativa derradeira” de Bolsonaro, “isolado”, será realizada sem nenhuma resistência.

O tradicional ato do “Grito dos Excluídos”, este ano com o tema de “Vida em primeiro lugar – Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”, será abandonado à própria sorte pela política traidora do PT e agora do PSOL que, ao invés de fortalecer o dia, recomenda “para os que estarão participando no Grito dos Excluídos, cuidados redobrados com segurança”. Ou seja, para quem irá, a sorte está lançada.

Que Lula-PT-CUT e suas Frentes tenham sempre o objetivo de frear qualquer mobilização em seu melhor momento não é novidade. Qualquer saída por fora do regime democrático burguês é uma ameaça a este setor, afinal, o nível de dependência ao próprio regime tornou-se um cordão umbilical difícil de romper. O problema reside quando o PSOL, que se propôs a ser uma alternativa ao regime, converte-se em freio, ou seja, mais um partido a serviço da ordem.

A Executiva Nacional, dirigida majoritariamente pelo Bloco PSOL de todas as Lutas (Primavera, Revolução Solidária, Resistência, Insurgência e Subverta) deu um novo passo no servilismo ao PT e Lula. Não contente em ser parte, no último vagão, do acordão burguês com Lula-Alckmin, “civilização x barbárie”, não consegue mais fazer uma diferenciação mínima nas mobilizações, virando uma correia de transmissão do frentepopulismo.

Qualquer avaliação séria sobre a correlação de forças entende que, se o inimigo de classe está isolado (afirmação do próprio PSOL) e, há possibilidade de enfrentá-lo, pode ser um erro irreparável a desmobilização. Mas a questão aqui não se trata de erro de análise, mas a quem estão querendo passar o recado. A política de desmobilização é mais um aceno aos setores dominantes que, nas mãos de Lula-Alckmin, com Juliano, Boulos e o Bloco Majoritário servindo de correia de transmissão, todas as regras institucionais serão rigorosamente respeitadas.

De Juliano a Valério Arcary, os alertas sobre comemorar vitória antes do tempo são repetidos como mantra. É importante que esse recado chegue ao Lula. Aparentemente, o candidato petista é quem mais subestima Bolsonaro, descartando qualquer possibilidade de retirá-lo pelas ruas e apostando todas as cartas na vitória eleitoral por cima. Arcary e a Resistência merecem destaque, que excede o objetivo deste texto, para ressaltarmos como alguém que ainda diz se identificar com o programa socialista e a revolução, se soma ao vagão de apoio a um projeto de governo burguês e de defesa da “democracia”, também burguesa, abandonando dessa forma o chamado a fortalecer a mobilização. Uma politica cínica, no mínimo.

O PSOL precisa reagir. Para isso, é necessário que a esquerda do PSOL, que infelizmente mergulhou numa campanha acrítica a Lula-Alckmin, muitas vezes se confundindo com o bloco majoritário, pressione à esquerda para que o partido reveja imediatamente esta linha de submissão completa ao PT e de freio das mobilizações e toque o bloco com unidade, nas ruas, no dia 7 de setembro com o Grito dos Excluídos pelo Fora Bolsonaro!