Nossas vidas entre Bolsonaro e a especulação dos laboratórios

Com pouco mais de 200 milhões de habitantes, 219 mil mortes por Covid-19, segundo na lista dos países com maior media móvel de mortes diárias (1.058 nos últimos 7 dias), abaixo dos EUA, o Brasil sofre as consequências de um governo criminoso que aposta com a vida de milhares e facilita a especulação privada dos laboratórios. Basta! Mais do que nunca é hora de tirar esse governo genocida e conseguir a vacinação para todo o povo brasileiro, já!

Hoje, o país conta com um número ínfimo (6 milhões até agora) de doses da vacina CoronaVac, Instituto Butantan, que já foram distribuídas aos Estados. Para cobrir o total da população do Grupo 1 (profissionais de saúde, idosos com 75 anos ou mais, idosos com mais de 60 anos que moram em asilos, indígenas que vivem em aldeias e comunidades ribeirinhas) são necessárias quase 30 milhões de doses. Neste momento, aplica-se a Coronavac, vacina do Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, e o imunizante da Fiocruz, desenvolvido com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca. Dois milhões de doses da AstraZeneca chegaram ao país na última sexta-feira (22).

Segundo o plano de vacinação apresentado pelo governo federal, as fases deveriam ser:

Fase 1: 14.8 milhões de pessoas.

Fase 2: 22.1 milhões de pessoas.

Fase 3: 12.7 milhões de pessoas.

Fase 4: cerca de 10 milhões de pessoas.

Fase 5: cerca de 120 milhões de pessoas.

A Fiocruz se comprometeu em entregar 100,4 milhões de doses no primeiro semestre de 2021 e 110 milhões no segundo. Já o Butantan deverá entregar 100 milhões de doses da CoronaVac ao longo do ano. Levando em conta que, para garantir imunização, é preciso de duas doses, os números totais apresentados pelo Ministro Pazuello são insuficientes.

Bolsonaro, Mourão, Pazuello e todo o governo atacam nossas vidas

A nova onda da pandemia no Brasil se apresenta com altos níveis de agressividade e situações bárbaras, como a falta de oxigênio em Manaus e o número de mortes diárias aumentando dia a dia em todo o país. Mas, a pior doença que sofremos é a do governo Bolsonaro que joga sem pestanejar com a saúde e vida de todo o povo brasileiro.

O governo Bolsonaro tenta avançar no direito de compra de vacinas pelo setor privado para garantir o lucro capitalista. A situação é tão escandalosa que, poucas horas da declaração favorável, a própria multinacional Pfizer (que não se caracteriza por suas ações “humanitárias”) negou a venda de vacinas ao setor privado: “Nos últimos 7 meses, trabalhamos incansavelmente para cumprir o nosso compromisso de acesso amplo e equitativo no fornecimento da vacina para o maior número possível de países ao redor do mundo” [1]. Novamente Bolsonaro teve de recuar poucas horas de fazer esta declaração criminosa, mas isso não significa que não tentará novamente favorecer o negócio privado e o lucro capitalista, pondo em risco a vida do povo.

Com tudo isso, o governador de São Paulo, Doria, tentou capitalizar politicamente com a decisão de começar a vacinação no Estado, outra política criminosa de alto cinismo que, enquanto especula com a vida do povo, precariza o trabalho dos funcionários da saúde pública e coloca em risco trabalhadores da educação e o conjunto da comunidade com o retorno às aulas.

Contra o lucro capitalista dos laboratórios, quebra de patentes, já!

A pandemia mostrou a pior face do sistema capitalista decadente. A desigualdade e a injustiça social se expressaram em sua forma mais perversa, deixando milhões de pessoas sem acesso à saúde e condições sociais e econômicas para se manterem em quarentena. Grande parte da população mundial teve que escolher entre morrer por Covid-19 ou de fome. Hoje, vivemos uma nova situação de imensa injustiça social que vem em contramão ao desenvolvimento e a distribuição das vacinas.

A lógica do lucro se expressa com a compra de mais da metade, 51% das doses das vacinas, por parte dos países mais ricos do mundo, que comportam 13% da população global. A coalizão People’s Vaccine Alliance (grupo que reúne organizações como Oxfam, Anistia Internacional e Global Justice Now), adverte que os países ricos estão comprando mais doses do que precisam para vacinar o total de sua população, “O Canadá, por exemplo, encomendou número de doses o bastante para imunizar seus cidadãos cinco vezes”[2], enquanto quase 70 países de baixa renda vacinarão 1 a cada 10 habitantes.

Para que essa terrível desigualdade não exista, é preciso a quebra de patentes e declarar o uso social para toda a população mundial, garantido gratuitamente pelos países. A saúde não pode ser um negócio, devemos avançar na socialização dos direitos de propriedade intelectual dos laboratórios e por sistemas de saúde únicos, estatais e gratuitos para todos.

Fora Bolsonaro e Mourão: o Impeachment não é saída.

A luta para tirar esse governo é hoje uma tarefa de primeira ordem. O impeachment não apresenta uma solução completa, já que quem pode seguir na ordem do governo é o Vice-presidente militar bolsonarista, Mourão. O impeachment é uma medida contemplada na ordem dos governos democráticos burgueses e que a classe trabalhadora pode usar como pressão a seu favor em alguns momentos, mas não podemos cair na armadilha de um regime que tem o objetivo de manter o status quo da dominação e exploração.

Nossa luta é para tirar Bolsonaro, Mourão e todo este governo, exigindo que as centrais sindicais, organizações sociais e o conjunto da esquerda, com seus partidos e forças parlamentares ou executivas, convoquem um plano de luta nacional que comece pela exigência da vacinação gratuita para toda a população e pelo Fora Bolsonaro e Mourão.


[1] https://oglobo.globo.com/sociedade/vacina/pfizer-astrazeneca-descartam-possibilidade-de-venda-de-vacinas-empresas-no-brasil-24855959

[2] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55247361