População brasileira é contra a política genocida de retorno às aulas presenciais na pandemia

Não é de agora que as pressões políticas tentam prevalecer sobre as orientações técnicas para a pandemia do novo coronavírus. Já vimos Ministros da saúde serem demitidos por discordâncias, fraturando ainda mais o governo Bolsonaro, e vimos a própria OMS ser chantageada com ameaça de corte de repasses por parte dos EUA. Então, não podemos acreditar que os defensores do retorno às aulas presenciais estão realmente preocupados com a qualidade do ensino. Alguns deles enxergam os alunos apenas como boletos de matrícula. Outros, compreendem a escola como um depósito de crianças, necessário para que seus pais possam voltar ao posto de trabalho.

O que está por trás do retorno às aulas é uma política de desmantelamento da já fragilizada quarentena no país, como resultado das pressões de alguns setores da economia. Bolsonaro, agora com apoio de Governadores e Prefeitos, está empurrando os trabalhadores para o matadouro.

O Governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou a possibilidade de retorno às aulas presenciais no Estado a partir de setembro, “caso o cenário seja favorável”. João Doria (PSDB), Governador de São Paulo, segue a mesma tentativa. É necessário dizer, desde já, que só existe cenário favorável com a imunização da população. Aulas presenciais, só com vacina!

Recentemente, o Datafolha constatou que 79% da população opina que as escolas devem continuar fechadas. É um sinal objetivo: a população não quer o retorno das aulas presenciais.

No mês passado, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que a volta às aulas coloca em risco não apenas os alunos e os profissionais da educação. O retorno também pode representar ameaça de contágio para outros 9,3 milhões de pessoas que residem com esses estudantes. 

Em alguns Estados e Municípios do Brasil houveram anúncios de datas para o retorno mas, como resposta, os professores começaram a se movimentar pra barrar esse genocídio. Considerando a precariedade da infra-estrutura das escolas públicas brasileiras, a categoria sabe que por mais rígido que seja o protocolo de retorno, as chances de serem descumpridos são altíssimas. Sem contar os vários exemplos de fracasso no retorno, mesmo em países cujas escolas têm melhores condições de funcionamento. 

Na Coreia do Sul, país que vem sendo considerado referência no combate ao coronavírus, mais de 200 escolas tiveram de ser fechadas logo após a retomada das aulas, devido a surtos da doença na capital Seul. Em maio, logo após a abertura das escolas na França, foram registrados, pelo menos, 70 casos de Covid-19 e algumas escolas chegaram a ser fechadas novamente. No mesmo mês, Israel reabriu as escolas e já no primeiro dia do retorno uma unidade de ensino de Jerusalém reportou um caso de Covid-19 que depois se alastrou para 153 estudantes e 25 funcionários. Após os surtos nas escolas, o país que apresentava relativo controle da pandemia voltou a registrar mais de 2 mil casos da doença por dia. Em um distrito de Georgia, Estados Unidos, mais de 800 alunos e funcionários tiveram de ficar em quarentena uma semana após a reabertura das escolas.

É muito confortável para o Poder Público, a partir de conferências virtuais, anunciar que é seguro retomar as aulas e, caso novos casos de contágio sejam detectados, a medida será revista. Voltar atrás após reabrir as escolas não servirá pra quem adoecer e morrer. Os governos querem nos fazer de cobaias numa experiência que em todo mundo já mostrou não dar certo.

É por isso que apoiamos a luta dos professores e das professoras que estão denunciando essa política criminosa dos governos federal, estaduais e municipais. Alguns sindicatos alertam sobre a situação e discutem ações de luta para responderem e resistirem contra o retorno às aulas. Todas as organizações políticas e sociais devem apoiar a categoria e enfrentar o que significa uma política criminosa e genocida

Precisamos defender:

1. Retorno das aulas presenciais só com vacina;

2. Testagem em massa da população;

3. Quarentena de verdade, com a manutenção e aumento do auxílio emergencial;

4. Proteção da Vida e dos Empregos;

5. Taxação das grandes fortunas;

6. Suspensão imediata do pagamento da dívida pública aos banqueiros.