É urgente derrotar Bolsonaro e Mourão nas ruas!

Exigir das Centrais Sindicais um calendário nacional de lutas, rumo a uma Greve Geral em defesa da vida, do salário, do emprego e de renda básica para os desempregados!

A crise econômica e a pandemia do novo coronavírus atingem cada vez mais os trabalhadores, as trabalhadoras e os/as pobres do mundo. Os governos capitalistas querem que sejam a classe trabalhadora e seus filhos e filhas que paguem a conta. Por isso, retiram direitos e flexibilizam as medidas de isolamento social.

Mas as pessoas exploradas e oprimidas resistem em todo o mundo! A revolta negra nos Estados Unidos colocou em evidência a luta contra o racismo sistêmico e a violência policial. A rebelião popular em repúdio ao assassinato de George Floyd inspirou protestos globais, como na Austrália, Reino Unido, Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Espanha, Hungria, Finlândia, Suécia, Brasil, Coreia do Sul, Índia, Gana, Quênia, Libéria, Nigéria, África do Sul e dezenas de outros países. Essas manifestações são uma resposta concreta dos povos em defesa da vida e dos direitos, frente aos efeitos dramáticos provocados pela pandemia e pela crise econômica.

No Brasil, o governo Bolsonaro/Mourão, com a sua política negacionista e genocida, está produzindo milhares de mortes. Além disso, segue estimulando a destruição da natureza, em particular da Amazônia, incentivando o extermínio dos povos indígenas e avançando na retirada de direitos e na privatização do patrimônio público e de serviços essenciais, como o saneamento básico. Nos estados, os governadores e prefeitos cedem às pressões por lucro dos capitalistas e começam a afrouxar as poucas medidas de isolamento social até então existentes, sem que a proliferação acelerada do vírus tenha sido controlada, lançando as pessoas à morte. Os empresários e governantes mantiveram em funcionamento inúmeros locais de trabalho de setores não essenciais. Nas áreas essenciais, como saúde e limpeza urbana, faltam máscaras e outros EPIs. Ou seja, as autoridades públicas e os ricos não ligam para a vida do povo trabalhador e nem garantem as medidas sanitárias orientadas pelos cientistas. Para eles/elas, o lucro de poucos está acima da vida de milhões.

Ao mesmo tempo, avança a crise política. O governo Bolsonaro vive seu pior momento. Com popularidade em baixa, perda de protagonismo da extrema direita nas ruas, prisões de aliados (o mais notório deles é Fabrício Queiroz), conflitos com o STF e o Congresso e ameaças de perder o cargo via impeachment ou impugnação da chapa, está na defensiva e profundamente isolado. Por outro lado, vários governadores estão sendo acusados de desvios nas verbas da saúde, em plena pandemia. O mandatário do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), está amargando um processo de impeachment na ALERJ.

As direções

Nesse contexto, as principais direções do movimento operário estão ausentes e a linha de frente da defesa dos interesses das classes exploradas e oprimidas está sendo assumida pelas torcidas antifascistas, pelos movimentos negros e da periferia e pelos entregadores de aplicativos, que estão organizando protestos de rua e greves. Os/as manifestantes enfrentam o governo federal e sua política autoritária, denunciam a violência policial e questionam a flexibilização das medidas de isolamento social por parte dos donos do poder. Existem tais lutas porque as pessoas não querem morrer “de vírus, de tiro ou de forme”.

Infelizmente, os principais partidos de oposição, como PT, PDT, PSB e PCdoB, e as principais organizações da classe trabalhadora e da juventude, como CUT, UNE e CTB, não estão em sintonia com as manifestações. Esses setores, que poderiam cumprir um papel fundamental na organização e no impulsionamento dos protestos, para defender a quarentena geral, o fim do racismo e da violência policial e derrubar Bolsonaro e Mourão, não apostam nas lutas. O grande objetivo deles é acalmar os ânimos e canalizar a indignação atual para articulações institucionais com a oposição burguesa e para as urnas. Desse modo, dão uma sobrevida ao Presidente.

O PSOL não pode seguir cedendo às pressões desses setores. Ao invés disso, o partido e seus/suas parlamentares precisam jogar um papel ativo na convocação das mobilizações. Da mesma forma, o PSOL deve exigir que esses segmentos rompam a paralisia e convoquem os protestos, construindo uma verdadeira unidade de ação. Só assim será possível lutar de fato pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, contra a violência policial e por quarentena geral, com salários e direitos sociais.

Unidade para tirar o governo e uma alternativa política com independência de classe
Não devemos confundir a unidade de ação com a construção de uma frente ampla. Na construção das lutas, o PSOL, a esquerda anticapitalista e o sindicalismo combativo devem manter sua independência de classe, apresentando um projeto socialista, o único capaz de garantir uma verdadeira saída para a crise. É impossível fazer isso em aliança com a burguesia ou com aqueles que propõe e praticam a conciliação de classes e estão retirando direitos e reprimindo as lutas onde governam, como fez Camilo Viana (PT-CE) contra os manifestantes antifascistas e antirracistas. Nesse sentido, foi um erro a participação de figuras públicas do partido, como Guilherme Boulos, Marcelo Freixo e Fernanda Melchionna, nos manifestos e atos virtuais “Estamos juntos” e “Em defesa da democracia, da vida e da proteção social”, junto com FHC, Alckmin, Eduardo Paes e afins.

O caminho que o PSOL deve seguir é o de construir uma verdadeira frente de esquerda, classista e anticapitalista, baseada na defesa de um programa alternativo, que proponha, entre outras medidas: a imediata suspensão do pagamento e auditoria da dívida pública e a taxação das grandes fortunas, para destinar recursos para o combate à COVID-19 e para garantir a paralisação de todos os setores não essenciais com salário integral e renda mínima aos trabalhadores e trabalhadoras; a revogação de todas as medidas aprovadas para atacar os direitos sociais e trabalhistas e beneficiar os banqueiros e grandes empresários, como as reformas da previdência e trabalhista e as emendas constitucionais votadas durante a pandemia; e um governo da classe trabalhadora e do povo pobre.

A CSP-Conlutas deve convocar uma plenária de todas as organizações sindicais e políticas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais combativos para traçar um plano de enfrentamento à pandemia e à crise, superando a conciliação de classes e a estratégia de unidade nacional. Deve convocar e não apenas apoiar as manifestações e protestos e ser parte ativa das batalhas por paralisações, atos e greves em cada categoria.

Todo apoio às lutas dos/as trabalhadores/trabalhadoras, de moradores/moradoras da periferia e da juventude! As centrais sindicais devem fortalecer o chamado para um grande dia nacional de lutas! Ser parte ativa da convocação do segundo breque dos apps, na data que os entregadores definirem. Utilizar o dia 10 de julho, proposto pelas Centrais Sindicais, para exigir que as burocracias realizem ações concretas em suas bases. Batalhar junto à CSP-Conlutas por uma greve geral!

Fora Bolsonaro e Mourão! Por quarentena geral com salários integrais, renda e direitos sociais! Vidas negras importam! Suspender o pagamento da dívida e canalizar esse recursos para o SUS e para garantir renda básica aos desempregados!

O sistema capitalista é um sistema de destruição e morte. Por uma saída classista e socialista, por um governo dos trabalhadores e das trabalhadoras!

ESQUERDA RADICAL DO PSOL:
Alternativa Socialista – AS;
Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – CST;
Grupo de Ação Socialista – GAS;
Liberdade e Revolução Popular – LRP;
Luta Socialista – LS;
PSOL pela base;
Socialismo ou Barbárie – SOB.
Plínio de Arruda Sampaio Júnior – Professor da Unicamp
Babá – Vereador PSOL Carioca
Carlos Giannazi – Deputado Estadual PSOL-SP
Celso Gianazzi – Vereador PSOL São Paulo
Renato Cinco – Vereador PSOL Carioca
Ângelo Balbino – Executiva do PSOL DF
Danilo Bianchi – Diretório Nacional do PSOL
Diego Vitello – Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Douglas Diniz – Executiva Nacional do PSOL
Gesa Linhares Correa – Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Joice Souza – Diretório Nacional do PSOL
Liliana Maiques – Executiva Municipal do PSOL Carioca
Nancy Galvão – Secretaria Executiva Nacional da CSP CONLUTAS e Executiva do PSOL/SP.
Silvia Letícia – Executiva Estadual do PSOL Pará