Boulos deu as costas às bases do PSOL e à construção de uma alternativa política de esquerda

Por Verónica O’Kelly, Alternativa Socialista, PSOL – LIS, Brasil.

Hoje (21), Guilherme Boulos usou a imprensa para informar que desconhecerá a votação do último Congresso do partido e não será o candidato do PSOL para governador de São Paulo.

Abandono de um projeto político de esquerda

A explicação dada por Boulos de um “gesto político e generosidade” com o objetivo de “derrotar os tucanos e o bolsonarismo no estado de SP” abandona definitivamente a construção de uma candidatura de esquerda que expresse um programa socialista em prol do fortalecimento uma candidatura da frente ampla. “Eleger Lula é fundamental”, continua, o que confirma o rumo equivocado de confiança num futuro governo de conciliação com a burguesia. Mas o que não diz, embora esteja expresso entrelinhas, é que rebaixa sua candidatura em favor da candidatura de Haddad, como parte do projeto frenteamplista de conciliação de classes.

Boulos tinha a oportunidade de ser uma importante referência da esquerda nestas eleições, sendo uma figura pública que tem ganhado muita força nos últimos anos graças, entre outras coisas, aos grandes esforços da militância psolista campanha após campanha. Sua decisão enfraquece a construção de uma alternativa política de esquerda nas massas, recuando o PSOL como porta voz de um projeto político da classe trabalhadora e do povo pobre em São Paulo e no Brasil como um todo.

De costas às bases

O equívoco político se soma a um método antidemocrático. Boulos está desconsidera a votação do último Congresso Estadual e que ele, junto a sua corrente Revolução Solidária e demais organizações do PSOL de Todas as Lutas (PTL), ganharam. Foram justamente eles como PTL quem propuseram o nome de Boulos para governador e agora, meses depois, decidem desconhecer a maior instância democrática do partido.

A situação fica ainda mais grave quando a minutos antes de aparecer a notícia na imprensa, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, declara que “Haddad é o único que pode unir as esquerdas e finalmente derrotar o tucanato”. A direção do partido está definitivamente dando as costas às bases e atuando como “donos” que fazem e desfazem o que quiserem, sem consultar nem respeitar as instâncias internas.

Parece que, para a direção majoritária, as decisões do Congresso são válidas sempre e quando estejam alinhadas aos acordos (ou mandados) com o PT e Lula, tudo em nome de “somar esforços para a reconstrução do país”.

O PSOL numa encruzilhada

Nós da Alternativa Socialista, junto a outros e outras companheiras, estamos alertando sobre a encruzilhada na qual o PSOL se encontra. O liquidacionismo do projeto de partido com independência de classe e socialista hoje se fortalece com a definição de Boulos de apoiar Haddad em SP e Lula/Alckmin no executivo federal. É por isso que mantemos nossa defesa de apresentar candidaturas próprias para o governo em cada estado e para a presidência da República com o nome do companheiro Glauber Braga, fortalecendo uma necessária Frente de Esquerda Socialista que se levante como alternativa política para milhões.