Peru: novo governo. Fora todos
Por Alberto Giovanelli
Há poucas horas, a direção política peruana formalizou uma tentativa de canalizar a crise aberta nos últimos dias ao nomear Francisco Sagasti como o novo presidente, com transição até as eleições de abril de 2021.
Após o afastamento de Martín Vizcarra no início da semana anterior, seu substituto Manuel Merino teve que renunciar, arrasado pela mobilização popular. Por mais de 24 horas, o país ficou sem autoridades formalmente designadas e a nomeação de Sagasti é uma tentativa de tentar responder às demandas expressas nas ruas e canalizar, pela via eleitoral, o descontentamento contra a casta política e a exigência de “Fora todos”, massificado em todas as manifestações de rua.
Sagasti, engenheiro de centro-direita, que participou de vários governos nos últimos vinte anos, é deputado do Partido Púrpura, dirigido por Julio Guzmán, empresário apresentado como um outsider da política que veio socorrer a “institucionalidade” e de duvidoso prestígio por ser o único partido que se opôs à remoção de Vizcarra. A administração “roxa” será acompanhada por um amplo arco que atinge a Frente Ampla do ex-padre Arana, que dar o tom de centro-esquerda ao novo governo. A tarefa central é travar as mobilizações e que a Greve Geral, anunciada para a próxima quarta-feira, não aconteça ou pelo menos seja canalizada apenas como expressão de protesto liderado pelos antigos dirigentes sindicais que estão completamente desacreditados contra o movimento de massas.
Por estas razões, a Liga Internacional Socislista – LIS defende que a classe trabalhadora e a juventude não deve depositar a menor confiança no novo governo, e que só a continuidade nas ruas e a Greve Geral são a garantia de encontrar uma saída. a favor das grandes maiorias populares. Esta saída acompanha a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte livre e soberana, onde se discute como transformar tudo desde o andar de baixo, a partir das organizações operárias, estudantis e camponesas, e abrir as possibilidades para quem nunca governou, os trabalhadores e o povo peruano.