Por um movimento estudantil combativo e independente na UERN
Por Modesto Neto*
As eleições para a UEE na UERN em Açu
As eleições para o Congresso da União Estadual dos Estudantes (UEE) no Rio Grande do Norte seguem a todo vapor em universidades e instituições de ensino superior, públicas e privadas neste final de 2022. O congresso que renovará a direção da maior entidade universitária segue com fortes disputas.
Na UERN, universidade que reúne o maior número de estudantes de origem popular no interior do Estado, a Oposição de Esquerda, que aglutina as organizações políticas que lutam pela construção de uma entidade combativa e com independência de classe, conquistaram 24% dos delegados saídos do processo que terminou ontem, 23 de novembro.
No Campus da UERN em Açu, o campus mais antigo da universidade, a juventude da Alternativa Socialista do PSOL, organizada na chapa 4 conquistou uma vitória expressiva, recebendo 60,4% dos votos dos estudantes. A chapa 2 da Unidade Popular obteve 21% dos votos. O campo da Oposição da Esquerda reuniu 81,4% dos votos da estudantada, impondo uma derrota que há tempos as tendências do PT não experimentavam na universidade.
Apesar dos burocratas, uma vitória da Oposição de Esquerda
Apesar da vitória expressiva, somente 162 estudantes puderam votar no processo. O DCE da UERN, dirigido pelas tendências do PT fecharam a urna durante um curto período de tempo, às 17h. A militância da Alternativa Socialista protestou e denunciou o fechamento da urna que deveria ter sido mantida aberta durante todo o dia.
Além do fechamento da urna, o processo foi encerrado às 21h, quando é sabido que os estudantes têm aulas regulares até às 22h. A decisão de fechamento da urna antes do horário foi tomada pelas tendências do PT, com os protestos e a denúncia da Chapa 2 e Chapa 4, da Oposição de Esquerda.
Apesar da burocratização do processo, as tendências do PT que em toda universidade haviam perdido uma eleição no movimento estudantil pela última vez em 2019, não perdiam uma eleição no Campus de Açu desde 2012, há 10 anos. Vitória expressiva e histórica.
Vencer as eleições não basta! O que fazer? Organizar as lutas!
Os estudantes da UERN enfrentam uma luta diária contra a precarização da universidade. O movimento estudantil liderado pelo PT está completamente mergulhado no imobilismo e uma vitória eleitoral na disputa pela UEE no Campus de Açu, embora simbólica e histórica, é insuficiente para agitar e mobilizar por um movimento estudantil combativo. Estamos no começo, não no fim do processo de efervescência política da universidade. Então, o que fazer?
Todo esforço para organizar as lutas dos estudantes, em suas entidades – centros e diretórios acadêmicos –, com debates, fóruns, mobilizações, greves e protestos, é fundamental. A atual direção do movimento estudantil não está a altura do desafio posto e uma nova direção, saída da Oposição de Esquerda, precisa se construir na combatividade e na independência de classe.
É para organizar os estudantes, com independência dos governos, com coragem para enfrentar a Reitoria quando necessário, lutando contra a precarização da universidade e por muito mais, que nossa militância da Alternativa Socialista se põe como alternativa política real para lutar e virar o jogo em defesa da estudantada. Se o presente é de luta, o futuro nos pertence. Vamos por mais!
(*) É Professor de História, Cientista Social, Colunista do Contrapoder, Militante da Alternativa Socialista e Dirigente do PSOL.