Por que Bolsonaro tem palco para desfile militar?
Por Verónica O’Kelly – Alternativa Socialista/PSOL, LIS no Brasil
A cena bizarra protagonizada pelas Forças Armadas e Bolsonaro na manhã da terça-feira, 10 de agosto, foi digna da chuva de memes que inundaram as redes sociais e as mídias. Mas a pergunta que devemos nos fazer é porque isso aconteceu, e o que devemos fazer para evitar que fatos deste tipo sigam acontecendo.
A cortina de fumaça dos tanques em ruínas
Enquanto Bolsonaro faz seus discursos e seu “acting” golpista, com o objetivo de consolidar sua base social a cada dia minoritária, o centrão no comando do legislativo, com o aval de grande parte do regime burguês, se dedica a passar a boiada. Os representantes do empresariado já conseguiram a privatização dos Correios, uma nova MP contra os direitos trabalhistas e se dispõe para fechar o ano com a votação da Reforma Administrativa.
Do outro lado, Lula segue em pré-campanha eleitoral, junto ao restante da “esquerda” da ordem. Por sua parte, as principais centrais sindicais no comando de setores políticos, apelam à profecia auto-cumprida de nada fazer para que nada aconteça.
Mesmo com dificuldades no ritmo de aprovação, os negócios do capital no Brasil seguem sua agenda liberal e impopular. É daí que não vemos perigo iminente de avance golpista do governo, mas não deixamos de ver o perigo que significa não deter o genocida agora. Trata-se de um governo de crise crônica e parece estar numa fase final, mas a realidade e a história tem demonstrado que nunca podemos determinar alguma coisa antes de esta acontecer. As intenções fascistas de Bolsonaro hoje servem de “cortina de fumaça”, mas isso não quer dizer que a condição não possa mudar. Se as direções continuarem esfriando a mobilização e adiando para as eleições de 2022 a necessidade de tirar o governo, Bolsonaro pode encontrar possibilidades de se recompor e emergir entre as cinzas qual uma ave Fênix.
A vacina para o vírus Bolsonaro se chama RUA.
O povo do Brasil não aguenta mais. A situação social marcada pela inflação, baixos salários, desemprego e a pandemia da Covid-19 que ameaça piorar com novas e mais agressivas variantes, é insuportável. É por isso que a vanguarda sai às ruas contra o governo. A razão pela qual não existe uma ampliação nas ruas hoje é por absoluta responsabilidade das direções sociais, sindicais e políticas que decidiram esfriar a situação e não apostam na paralisação do país e a construção da Greve Geral.
Nesse sentido, a Greve Geral do funcionalismo público para o dia 18/08 é a nossa principal tarefa. Devemos impulsionar a organização da Greve em cada categoria e lugar de trabalho para garantir a paralisação nacional e evitar que seja votada a PEC 32 da Reforma Administrativa pela destruição do serviço público. Mas esse deve ser o começo da construção da mobilização nacional, com rumo à Greve Geral para acabar com Bolsonaro, seus sonhos golpistas e toda a agenda de desmonte do Estado e ataque ao povo trabalhador e pobre neste país.