Guarulhos-SP: Carta à “Voz dxs Servidorxs” e apoiadores
Uma análise sobre a fundação do Sindeducação.
Por Alexsandro Costa – Ex funcionário da prefeitura de Guarulhos, ex membro da chapa de oposição a Voz dxs Servidorxs, militante da Alternativa Socialista/PSOL.
Foi com muita surpresa que, em viagem, soube no dia 3 de janeiro de 2022 da fundação de um sindicato ligado à educação, assinado pela companheira Simone Carleto como presidente da comissão, através de um edital postado no grupo de oposição.
Sem titubear, e como também tenho uma história de luta dentro do funcionalismo público de Guarulhos, afinal foram 16 anos e 8 meses trabalhando e lutando ao lado da categoria, e, em oposição desde sua posse a atual gestão do STAP em 2006, ligada à Força Sindical, reivindico o direito de colocar de forma analítica. Não sendo maniqueísta como alguns adoram utilizar essa palavra, porém com elementos para uma reflexão, sem empolgação ou paixões, em um debate franco e racional
Sempre fomos contra a divisão da classe trabalhadora, infelizmente se a Força sindical ganhou a direção do STAP em 2005, deve se ao fato de setores importantes que dirigiam este sindicato entre 2003 – 2006, articulado com seu apoiadores, se dividiram em três chapas, onde duas eram de lutadores e lutadores. Desde então a categoria foi fragmentada propositalmente, ocorreram greves importantes, porém isoladas como na Educação, GCM, Saúde e Motoristas, movimentos de estatutários, engenheiros, arquitetos, culminando na formação de associações, embora algumas já existissem, dentre elas no caso específico da Associação dos Educadores do Município de Guarulhos (AEMG) que pleiteia também representatividade sindical dos servidores na educação. Importante lembrar que essas associações formaram um fórum que foi fundamental para as lutas que resultaram na greve contra o Regime Jurídico Único , implantado por Almeida (na época PT) e acabou sendo derrotado. Passados todos esses anos, parece que infelizmente não aprendemos com os erros, ou pior, insistimos neles. Em 2007 houve uma tentativa equivocada e frustrada de se construir um sindicato para a Proguaru, na qual as pessoas envolvidas até hoje se arrependem de tal ação.
Trazendo para a nossa realidade, a fundação do Sindeducação, pelo método, foi equivocada, sendo uma decisão unilateral de um grupo de tendências político sindicais que hoje fazem parte da Voz dxs Servidorxs (corrente sindical que conformamos junto com um amplo numero de tendencias e militancia independente, e que tem como objetivo a disputa pela direção do STAP), sem consulta dentro da própria Voz dxs servidorxs e ainda menos com a base da categoria.
Preocupante também ver que militantes, alguns quadros dirigentes e referencias na cidade, apoiam essa ideia construída entre poucas pessoas, infelizmente alguns desses apoiadores,faziam parte das chapas de esquerda divididas no pleito de 2005.
Mais ainda, pessoas de luta e importantes na composição da oposição sentiram se usadas e incomodadas e se retiraram da oposição, mas parece que isso pouco importa, pois ignorar quem pensa diferente é um método do setor defensor dessa ideia, que parece renunciar à disputa política da categoria de servidores, colocando em risco a continuidade da Voz dxs servidorxs, se isolando para uma provável tentativa de auto construção entre grupos. Importante ressaltar que apesar das diferenças, a Voz dxs Servidorxs é uma frente de lutas na categoria sendo uma esperança no funcionalismo municipal, onde se debatermos os números, as abstenções na fraudulenta eleição do STAP e a eleição de três camaradas para o Conselho do IPREF, onde poderia se aproveitar esse acúmulo político para atrair corações e mentes para o lado da oposição. Importante lembrar que o Fórum das Associações, em que pese as debilidades e equívocos deste setor, também nos apoiava e compunha um importante apoio. Agora com essa movimentação fundacionista abala inclusive as elações com a AEMG.
Este caminho é perigoso, não pelas ameaças, sim pela confusão, abdicação pela disputa politica e direcional da base e o isolamento para auto construção, que a própria historia mostra, quem divide, fica com a derrota. Me solidarizo com as pessoas que foram ameaçadas, repudio qualquer tipo de intimidação ou violência, como reafirmo, a construção do Sindeducação significa um erro gigantesco. Eu escolhi o lado mais difícil da História.
As lutas que se aproximam, e as que já temos, precisam de uma oposição classista, democrática e de luta. Essa é nossa principal tarefa como militantes na categoria, não utilizar métodos equivocados que dão as costas para as bases e que atendem interesses particulares ou de organizações políticas apenas.