Em São Paulo é preciso postular uma alternativa independente e socialista. Pela candidatura própria do PSOL no Estado!
Por Roberto Furlani, Alternativa Socialista-PSOL.
Camaradas, a atual conjuntura a nível nacional se mostra cada vez mais clara. De um lado temos a extrema direita juntando forças na candidatura Bolsonaro, de outro lado vários setores que se autointitulam de esquerda, mas que de fato somam forças com a burguesia, apoiando Lula, entre estes setores, infelizmente a direção majoritária do PSOL e por fim, vários setores buscando desesperadamente a 3.a via, que nada mais é do que uma versão mais à direita da candidatura Lula.
Infelizmente, não temos hoje organizações e nem lideranças socialistas que consigam mobilizar as grandes massas para aquilo que realmente importa que é derrubar o bolsonarismo além disso derrubar o regime capitalista, fonte de todas as nossas mazelas.
Espaço para isso, tomar as ruas como protesto contra todos os desmandos que este governo não para de criar, certamente há, mas, principalmente os setores da esquerda da ordem (PT, PSOL, PC do B) e suas organizações (CUT, Força Sindical, UNE, etc…), jogam todas as fichas nas eleições, como se elas por si só fossem resolver algo. É claro que a derrota de Bolsonaro é fundamental, mas não é só disso que falamos, temos de derrotar o que tornou possível que uma figura grotesca como essa aparecesse em primeiro lugar.
Conjuntura do PSOL
Diante de tudo isso, a esquerda socialista travou uma dura batalha dentro do PSOL no sentido de reverter as manobras autoritárias e antidemocráticas da direção do PSOL, capitaneadas pela dupla Juliano Medeiros – Guilherme Boulos, no sentido de manter os princípios que nortearam a criação do PSOL, enquanto uma ferramenta de luta da classe trabalhadora na luta contra o capitalismo.
A opção por não lançar uma candidatura própria à presidência, fato inédito na história do PSOL, conjuntamente com a decisão totalmente incoerente, inclusive sem nenhum tipo de consulta às bases, de concretizar a federação com um partido burguês, como a REDE, mostra um processo de desconstrução, que caminha a passos largos para o próprio desaparecimento do PSOL, pelo menos como sendo essa ferramenta de luta. Lamentavelmente essa foi uma decisão acompanhada pelo MES, o que significou um erro de caráter estratégico.
Importância da união das esquerdas revolucionárias
Com este cenário, tornou-se ainda mais importante um alinhamento das forças mais à esquerda, no sentido de ter uma voz comum que sirva como essa direção que mencionávamos que possa dar forma a crescente revolta que sentimos nas ruas.
Devemos abandonar eventuais diferenças em torno de princípios que ao fim nos une, que é a construção do socialismo. Mas mesmo aqui enfrentamos dificuldades. O sectarismo acaba impondo barreiras para que esta discussão avance, discussão essa que nós, da Alternativa Socialista, não só defendemos, como ativamente lutamos para estabelecer. As candidaturas postas como alternativas, Vera Lucia do PSTU, Sofia Manzano do PCB e Leonardo Péricles da UP, são um exemplo disso, dialogam para dentro de suas organizações e não para o conjunto das forças revolucionarias.
Porque é importante termos uma posição, a Alternativa Socialista indicou, com todas as ressalvas e de modo critico o apoio à candidatura do Polo Socialista Revolucionário, Vera Lucia do PSTU. O Polo, apesar de todas as suas características, acaba sendo o espaço onde pelo menos ocorreu algum tipo de discussão.
Importância de termos um espaço para colocar nossas posições em São Paulo
Da mesma maneira que a nível nacional, em São Paulo temos a repetição dos mesmos movimentos com relação à eleição, com a direita montando as suas chapas e os partidos “ditos’ mais à esquerda se aliando com vários setores da burguesia, com total aderência, novamente, da direção majoritária do PSOL.
E é por isso importante mantermos a nossa coerência e nos posicionar, até o final, por uma candidatura própria ao governo do Estado de São Paulo, que mesmo com possibilidades reduzidas de ir a frente, será um espaço onde poderemos divulgar nossas ideias, ainda mais pelo caráter simbólico que essa candidatura teria, como contraposição ao candidato a Vice na chapa Lula que é um tucano de longa data, Geraldo Alckmin, que tem muitas (tristes e vergonhosas) histórias de luta contra a classe trabalhadora em seu currículo.
A nossa luta não termina, e nem começa na verdade, nas eleições, mas essas eleições obviamente não podem ser desconsideradas, posto que é um momento importante de discussão da atual conjuntura e de nossas ideias para mudá-la.
Do lado do PSOL a candidatura que se apresenta, também com todas suas limitações, é a de Mariana Conti, do MÊS e por isso chamamos todos os companheiros que estiveram na luta pela candidatura Glauber, a continuar essa luta, dessa vez no Estado de SP.