Brasil: primeiro balanço das Eleições Municipais
Por Alternativa Socialista-PSOL / LIS-Brasil
Domingo, 15, foi marcado pela eleição de prefeitos e vereadores na quase totalidade dos municípios do Brasil. Queda de parte significativa dos filhos legítimos de Bolsonaro e derrota do seu projeto político nacional, ampliação eleitoral do PSOL e vitória da Direita e Centro-direita com a ausência de uma alternativa de esquerda ao governo. Traremos aqui um primeiro balanço.
As crias legítimas de Bolsonaro foram abaladas nas eleições municipais. O genocida Bolsonaro apelou para campanha direta dos “seus”, mas não teve jeito. A derrota veio. Em São Paulo, o asqueroso Russomano não foi ao segundo turno, ficando em 4º. No Rio de Janeiro, o atual prefeito Crivella, candidato de Bolsonaro e cria da Igreja Universal, vai ao segundo turno, mas em abaixo de Eduardo Paes (DEM) com uma diferença de 15%. Isso também demonstra o erro de Freixo ao desistir da candidatura para prefeito e abandonar a disputa política no governo da segunda cidade mais importante do país.
A imprensa burguesa, pró-Direita tradicional, aproveitou o momento e noticiou que de quase 60 candidaturas que Bolsonaro fez campanha direta, poucos conseguiram se eleger, entre prefeitos (dois no primeiro turno em cidades menores) e 10 vereadores. Dois candidatos, Crivela no Rio de Janeiro e Capitão Wagner em Fortaleza, irão para o segundo turno enfrentando duas máquinas burguesas eleitorais da Direita, Eduardo Paes, e Centro-Esquerda, Sarto, respectivamente.
Não há dúvida sobre a sangria de Bolsonaro. Mas é importante destacar, como já fizemos em análise anterior (Clique aqui), que a vitória concentrou-se na Direita e Centro-Direita, negociadora direta com Bolsonaro, alguns bolsonaristas, e parte do “acordão burguês”. O MDB foi eleito em 755 cidades; PP, 666; PSD, 631; PSDB, 486; DEM, 450 e PL 3351 [1]. Republicanos, que o bolsonarismo disperso usou com um dos guarda-chuvas, 202 cidades, e PTB, 204, ficaram atrás dos partidos de Centro-Esquerda PDT, 304 e PSB, 245. O PT venceu em 179 cidades, em nenhuma capital neste primeiro turno, com declínio em relação a 2016. [2]
PSOL nas eleições
Como já era esperado, o PSOL cresceu eleitoralmente na Câmara de Vereadores [3] e elegeu até em 4 municípios. Em São Paulo, além da vitória política de Boulos, que irá ao segundo turno contra o candidato ex-BolsoDoria em um resultado histórico, o partido triplicou o número de vereadores e se tornou a 3ª força partidária na Câmara. No Rio de Janeiro, o vereador Carlos Bolsonaro, primeiro nas eleições de 2016, ficou em segundo, atrás de Tarcísio Mota (PSOL) – elegendo um total de 7 candidaturas.
Em São Paulo, Guilherme Boulos conseguiu mais de 1 milhão de votos em uma campanha histórica, que deixou o bolsonarista Russomano e o tucano fora do ninho Márcio França comendo poeira. Trata-se de uma vitória política qualitativa do PSOL no maior centro do país. É preciso, nesse segundo turno, apresentar um programa alternativo para sair da crise, que seja radical e expresse as batalhas que nossa classe precisa, sintetizado nas ruas pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Os debates que travamos no PSOL, com Boulos e a atual direção majoritária, estão na ordem do dia. Este é o momento para fortalecer um instrumento político independente, de luta, socialista, convergente com as bases.
Em Belém, Edmilson vai novamente ao segundo turno com votação um pouco maior que em 2016, mas dessa vez em primeiro lugar. Enfrentará o reacionário Delegado Eguchi. O PSOL deve tocar a campanha a todo vapor, mas deixando pra trás este perfil amplo que não briga, “dialoga”. O caminho é radicalizar e tentar captar os setores que ainda não veem Edmilson, nem o partido, uma ferramenta de luta contra os governos de ajuste e guerra contra o povo. Nós, da Alternativa Socialista e LIS, participamos ativamente da campanha, somando no fortalecimento da candidatura da companheira Silvia Leticia (Luta Socialista), uma importante referência na luta das mulheres trabalhadora, lutadoras classistas e socialistas.
Em Florianópolis, o Professor Elson ficou em segundo lugar, com 18,13% da votação, além de 3 candidaturas eleitas para vereadores. Em Belo Horizonte, Áurea Caronlina obteve 8,33% e o partido elegeu 2 candidaturas de mulheres. Em Porto Alegre, o PSOL elegeu 4 vereadores, crescendo também em outras capitais.
É muito importante ressaltar que o PSOL, com campanhas pequenas frente aos milionários, conseguiu ampliar o número de bancadas, coletivas e individuais, com mulheres de luta, parte considerável de jovens mulheres negras, de LGBTs. A hora é do bloco da diversidade concentrar as forças para barrar os retrocessos do governo Bolsonaro.
Problemas no TSE e Abstenções
Uma parte das atenções foi girada para a confusão no sistema do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, atrasando por horas a apuração em vários municípios do país. Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, atribuiu o problema a falha de um dos núcleos de processadores. Barroso ainda citou as tentativas de invasão de computadores com origens nos EUA, Nova Zelândia e Brasil, todas repelidas, segundo este.
As abstenções, centralmente pela pandemia de Covid-19 com mais 160 mil pessoas mortas e quase 6 milhões de contaminados, tiveram uma ampliação em relação as eleições de 2016, saltando de 17,58% para 23,14%. Em São Paulo, foram mais de 2,6 milhões de abstenções, índice superior a votação de Covas, 1.7 milhões, e Boulos, 1.07 milhão. No Rio de Janeiro, 1.5 milhões de abstenções, maior que os votos de Paes e Crivella juntos, para ficarmos nas duas principais capitais do país.
O PSOL deve ser uma alternativa
É, sem dúvida, positivo a ampliação eleitoral do PSOL. Mas é preciso atentar um giro cada vez mais presente de alianças com partidos burgueses, a tática requentada de Frente Popular, e um subaproveitamento do espaço eleitoral na campanha pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Este caminho pode ser sem retorno.
Não é possível derrotar o governo Bolsonaro e os movimentos da extrema-direita pela via eleitoral. É importante deixar isso claro. Os socialistas devem mobilizar o bloco nas ruas contra este governo de fome, desemprego, reforma impopulares, assassinatos, destruição e, ao mesmo tempo, apresentarem um programa radical de saída da crise, que esmague o bolsonarismo. É por isso que a Alternativa Socialista continua apostando na construção do Bloco da Esquerda Radical no PSOL. Um caminha para por de pé o partido que necessitamos e avançar em uma sociedade socialista, deixando para trás a barbárie que o capital oferece como único futuro possível.
Notas:
[1] MDB e PSDB tiveram baixa nas prefeituras dos municípios em relação a 2016, com 1.044 para 766 (MDB) e 799 para 487 (PSDB). Por conseguinte, PP, PSD, DEM, PL ampliaram o número nos municípios. Republicanos ampliou e PTB caiu. O que ocorreu foi uma variação entre os partidos da Direita e Centro-direita.
[2] No momento, nem todos os resultados foram computados. Dessa forma, estes números podem variar.
[3] Só nas capitais do país, em 2016 o PSOL elegeu 22 vereadores, em 2020, 33: https://psol50.org.br/psol-cresce-50-nas-camaras-municipais-das-capitais-em-todo-o-brasil/