Balanço sobre o Congresso da UEE e o movimento estudantil que queremos construir!
Nos dias 02, 03 e 04 de dezembro de 2022, ocorreu o Congresso da União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Norte, na Escola Estadual Abel Freire Coelho, em Mossoró-RN e a juventude do Alternativa Socialista esteve presente com 3 delegados e 2 observadores.
O início do Congresso já se mostrou desorganizado e de maneira desastrosa no credenciamento, que se estendeu até o domingo à tarde, o último dia do Congresso, no qual ainda havia estudantes/delegados se credenciando. Inclusive, não ocorreu a mesa de abertura na sexta, devido os atrasos e a desorganização.
É necessário avaliar o Congresso com um olhar crítico e objetivo ao movimento estudantil, como forma de exemplificar o que não queremos ser enquanto movimento estudantil, sabendo que mesmo assim poderemos também cometer esses equívocos, mas isso não nos retira a responsabilidade de buscar melhorias quando chegar a nossa vez. É algo sintomático do Movimento Estudantil essa desorganização, que muitas vezes, é uma tentativa de tornar o processo burocrático, gerando o afastamento dos estudantes nesse espaços de construção política.
Houve também outros atrasos, devido ao questionamento da forma que se deu as negociatas feitas por cima da base estudantil, entre as forças e o DCE da UNP, em busca de ter mais delegados no congresso, utilizando meios antidemocráticos, o que gerou delegados impugnados no certame e a universidade ficando sem representantes no Congresso.
Assim, o congresso teve início as atividades no sábado pela manhã, com a mesa “Estudantes contra fascismo, pela reconstrução do Brasil e do RN”. E pelo período da tarde ocorreu os grupos de discussões com diversas temáticas: Mulheres, LGBTQI+, Permanência e Assistência Estudantil, Interiorização, Agricultura Familiar, Cotas, SUS, Mídia antifascista, Segurança Pública, Arte e Cultura, Orçamento, Passe Livre e Educação Inclusiva. Foram realizados debates e discussões, e encaminhamentos para que a UEE pudesse pautar uma política frente a esses temas.
Desde o Alternativa Socialista, estivemos nas mesas de debate sobre Orçamentos, Permanência estudantil, Cotas, LTBTQI+ e Agricultura familiar, no qual defendemos uma linha política de resolver o problema a fundo da falta de dinheiro nos cofres públicos para educação por meio da taxação das grandes riquezas, e o fim do pagamento da dívida pública e externa.
Além disso, nas mesas que participamos defendemos a ampliação e reajuste das bolsas de assistência e permanência estudantil, a ampliação das cotas e o avanço da luta por uma universidade pública, gratuita e de livre acesso sem vestibular, a inclusão na grade curricular de uma cadeira de “gênero e diversidade: laica, transfeminista e anticapitalista”, a formação dos profissionais da universidade e docentes em gênero e diversidade, e da necessidade de construir uma UEE independente, antifascista, combativa e democrática, com ênfase na importância de ocupar as universidades, por meio de debates e plenárias, para avançar a consciência do movimento estudantil e prepará-los para as mobilizações nas ruas necessárias frente aos cortes que seguirão acontecendo na educação neste e no próximo Governo que já se avizinha.
A oposição de Esquerda dentro da UEE
Foi o primeiro Congresso que a juventude do Alternativa Socialista/PSOL participou, conformando um bloco da juventude antifascista com outras correntes do partido, o Juntos/PSOL e o Fortalecer/PSOL, no qual juntos escrevemos e defendemos a tese de conjuntura. Além disso, construímos um manifesto expressando o que esperávamos da UEE, que está publicado no instagram @alternativasocialistapsol.
A tese sobre o movimento estudantil e a educação, escrevemos em conjunto com a oposição de esquerda, Juntos/Psol, Fortalecer/Psol, UJC/PCB e UJR/, devido aos acordos que tínhamos em muitos aspectos em relação a esses temas.
Além disso, para exercer força frente à chapa 2, composta pelas correntes do PT, PCdoB, Consulta Popular, PSB dentre outras organizações. Nos unimos na chapa 1 (PSOL, PCB e UP) em oposição ao PT, por acordarmos a necessidade da independência política do Governo Federal e Estadual do Movimento Estudantil, por defender uma UEE que seja combativa, que mobilize os estudantes e seja democrática.
A experiência nesse Congresso foi importante para estreitar os laços com as forças de oposição de esquerda, no qual temos alguns acordos na unidade de ação, se fazendo necessário fortalecer essa unidade em prol da independência política e no fortalecimento de um movimento estudantil combativo. Desde que essa unidade seja pautada em acordos e diálogos democráticos, com o objetivo de construir uma nova política dentro do ME que são vitais para fazermos força frente a juventude do PT e do PC do B, que é construída por negociações por cima do movimento estudantil e de desmobilizações.
Resultados das eleições
Mais uma vez o PT se manteve como Majoritária dentro da UEE, ocupando o cargo da Presidência, pela Luh Vieira, militante da Kizomba, primeira travesti a ocupar o cargo. A oposição de esquerda conseguiu conquistar a secretaria executiva, e outros três cargos o que vai permitir nossa atuação dentro da UEE, para pressionar a entidade a se posicionar com uma política mais combativa e de mobilização dos estudantes.
O que nos espera depois do Congresso?
Todos os esforços para organizar as lutas dos estudantes, em suas entidades – centros e diretórios acadêmicos – é fundamental. Entretanto, muitas dessas entidades estão aparelhadas e burocratizadas por forças que não mobilizam e não constroem uma política conversando com a base.
Precisamos de entidades fortalecidas e independentes dos Governos, que responda rapitamente as manobras governamentais de precarizar a educação, para disputar e avançar a consciência do movimento estudantil para a esquerda e promovendo assembléias para fazer valer as demandas dos estudantes. Tudo isso construindo em conjunto com os professores e a classe trabalhadora que são nossos aliados na defesa e conquista de direitos na educação.
E, além de ocupar a universidade, ocupar as ruas, onde é o nosso grande espaço de luta e força, para acabar de vez com o bolsonarismo e combater os recortes de direitos que virão com o próximo governo de frente ampla e de um congresso composto majoritariamente por bolsonaristas.
É para organizar os estudantes, com independência dos governos, com coragem para enfrentar a precarização das universidades e por muito mais, que nossa militância da alternativa socialista se põe como possibilidade política real para construir e lutar com os estudantes.
Se o presente é de luta, o futuro nos pertence. Por uma Alternativa Socialista no Movimento Estudantil.