Unificamos para lutar
Por nossos direitos, por um PSOL independente e pelo socialismo
No dia 1º de janeiro, Lula assume a presidência do nosso país em seu terceiro governo, o quinto do PT. Abre-se um novo período no Brasil, cheio de contradições e desafios.
Evidente, celebramos o fracasso do Jair Bolsonaro e da extrema direita. O principal político responsável por tantas mortes na pandemia, inimigo da Amazônia e do meio ambiente, dos direitos trabalhistas e democráticos, das mulheres e LGBT, dos indígenas e negros. Contribuímos para sua derrota convocando mobilizações e com nosso voto crítico a Lula no segundo turno.
Mas, além do fato de Bolsonaro continuar com força e continuar atuando, acreditamos que não cabem ilusões sobre o novo governo de unidade nacional que, não só não enfrenta Bolsonaro consistentemente, mas permite que ainda continue crescendo e se fortalecendo. Tudo em nome da “paz social” e da “democracia” burguesa. Com seu vice-presidente, o tucano Geraldo Alckmin, do PSB, seus aliados liberais de direita, como Henrique Meirelles e Simone Tebet, entre outros, e seus apelos à moderação, Lula retorna ao Planalto essencialmente para continuar administrando o capitalismo e assim garantir lucros para as grandes empresas nacionais e estrangeiras.
Ou seja, além de alguma medida populista inicial e limitada para buscar a simpatia popular, o governo Lula-Alckmin não trará nenhuma solução substantiva para a crise econômica, o desemprego, os baixos salários, os problemas ambientais etc. e para a juventude do Brasil.
Isso porque o PT se integrou mansamente a esse capitalismo globalizado de crise e ajuste permanentes há muitos anos, e não tem a menor vontade política de enfrentar a fundo a extrema direita de Bolsonaro ou de questionar os interesses de multinacionais, bancos e agronegócios. Portanto, não merece nossa confiança, mas devemos estar atentos às suas medidas.
Como povo pobre do Brasil, só podemos confiar em nossa própria força, unidade e organização. Essa é a única garantia de defender nossos direitos e seguir em frente, aqui e no mundo. Por isso, antes do novo governo, será necessário aprofundar a organização, a luta e a mobilização da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude, dos sem-terra, dos sem-teto e de outros setores populares.
A esquerda tem um imenso desafio: contestar o projeto de conciliação de classes e construir uma verdadeira alternativa política anticapitalista e socialista. Nas fileiras do PSOL, a esquerda enfrenta aquela que, muito provavelmente, será a última oportunidade de salvar o projeto original do partido anticapitalista, de disputar a direção para impedir que triunfe o projeto de liquidação da atual direção majoritária. É fundamental unir todas as nossas forças de militância organizada em correntes ou independentemente, para juntas e juntos recuperarmos o PSOL e colocá-lo a serviço dessa tarefa.
Nesse contexto, Luta Socialista e Alternativa Socialista, ambas correntes de esquerda do PSOL, têm a alegria de anunciar que decidimos unificar nossas forças em uma mesma organização nacional. A serviço da concretização deste importante avanço político-organizacional, realizaremos no próximo mês de Fevereiro de 2023 uma Conferência aberta à militância e a todos os que queiram aderir a este apaixonante desafio.
Acreditamos que nossa unificação tem valor político excepcional por três razões essenciais:
Primeiro, num panorama onde o mais comum à esquerda são as divisões e as rupturas, desta vez daremos um exemplo diferente, positivo, de unidade política e militante entre organizações de percursos diferentes.
Segundo, nossa união reforça a luta política que temos travado dentro do PSOL para reverter o rumo equivocado da maioria de sua direção, adequando-se ao novo governo capitalista, e recuperar uma perspectiva independente, socialista e revolucionária.
Terceiro, nossa unidade, ao mesmo tempo, fortalece a Liga Internacional Socialista (LIS). Como seção brasileira, integramos juntamente com partidos e grupos irmãos de quase 30 países. Num mundo onde o capitalismo só oferece cada vez mais fome, guerras, desigualdade e destruição, é fundamental fazer crescer o socialismo revolucionário e internacionalista.
Por tudo isso, convidamos você a participar dos debates e atividades preparatórias de nossa Conferência de Unificação e a se unir à nova corrente que estamos fundando como militantes. Com sua participação e seu apoio seremos mais fortes para continuar lutando por todos os nossos direitos, para recuperar um PSOL independente da burguesia e para derrotar esse sistema capitalista de exploração e opressão, e substituí-lo por um governo dos trabalhadores e do socialismo.
Comitê de Enlace Luta Socialista – Alternativa Socialista, correntes internas do PSOL.