Com 11% em RJ e 4% em SP, a esquerda tem um expressivo espaço politico que o PSOL abandona
Por Roberto Furlani – Alternativa Socialista-PSOL
Saiu mais uma rodada de pesquisas de intenção de votos. Nenhuma surpresa nas intenções para presidente, fora a ausência de uma voz radical nos debates e nos meios de comunicação em geral. A exceção foi a excelente entrevista de Vera Lúcia candidata pelo PSTU e Polo Socialista Revolucionário. Lula continua em primeiro lugar com boas chances de ganhar em primeiro turno.
Chama a atenção em São Paulo e especialmente no Rio, as intenções de voto nos candidatos mais à esquerda (UP, PCB, PSTU e PCO): 4% em São Paulo e 11% no Rio de Janeiro, na verdade no Rio esse número diminuiu um pouco com a decisão do PSOL, sem nenhuma surpresa, desistir de lançar a candidatura de Milton Temer.
Tradicionalmente, estes partidos aparecem sempre com a menção “Não foram citados na pesquisa”, mas nessas eleições, em São Paulo, com 33 milhões de eleitores, e no Rio, com 12 milhões de eleitores, extrapolando a pesquisa, temos 1 milhão e 300 mil eleitores em cada estado, que pretendem votar em uma proposta mais radical para o governo.
Isso mostra o tamanho da covardia e o custo desta política liquidacionista da atual direção majoritária do PSOL. A nossa tese, desde o início, de criarmos uma frente unida das forças mais radicais, com certeza teria um espaço muito maior para divulgação de nossas teses e, por que não, até sonhar, principalmente no Rio, em alcançar um segundo turno para ter um espaço ainda maior de divulgação.
Ao invés disso, o PSOL se contentou em barganhar pequenos espaços que o PT “liberou” para o “talvez partido” (parafraseando o que Lula disse no último debate ao se referir ao PSOL), apostando todas as fichas nos puxadores de votos, para engordar as suas bancadas federais e estaduais e, consequentemente abocanhar uma fatia maior do fundo partidário.
Talvez essa tática faça sentido para um partido burguês da ordem, mas não tem o menor cabimento para um partido que tem a palavra socialismo em sua sigla. Nunca estivemos tão longe de honrar essa palavra dentro do PSOL.
Isso mostra como foi acertado o nosso posicionamento desde o início na defesa de uma candidatura própria e como continua certo o nosso posicionamento de privilegiar a organização da classe trabalhadora fora dos partidos da ordem, como uma possibilidade de substituirmos o capitalismo que vemos, por algo completamente diferente, uma sociedade socialista onde as necessidades de cada um sejam atendidas, onde cada um possa contribuir de acordo com suas possibilidades, onde não tenhamos mais espaço para o racismo, a LGBTQIA+ fobia, para a fome, para o feminicídio, para o machismo, onde todos tenham direito à moradia e acesso às escolas, sem para isso depender das migalhas de um governo genocida como o que temos hoje, nem de qualquer um que defenda os interesses do 1% contra o do 99%, ou seja do povo trabalhador.
Fora Bolsonaro e o bolsonarismo! Sem confiança nas alianças com a burguesia. Por uma Alternativa Socialista! Por uma verdadeira democracia construída pela organização da classe trabalhadora.