Suas (de)formas só passam com repressão! O funcionalismo público da cidade de São Paulo em luta perde uma batalha.

Por professores da Alternativa Socialista-PSOL.

Ricardo Nunes (MDB) consegue votar o Sampaprev2 numa vergonhosa sessão da Câmara Municipal de São Paulo, enquanto do lado de fora, o funcionalismo público recebia bombas de efeito moral, lacrimogênio e spray de pimenta nos olhos. Toda repressão da tropa de choque da GCM foi utilizada para dispersar a grande mobilização que estava reunida na porta do Palácio Anchieta, manifestando seu posicionamento contrário a essa reforma absurda, a qual confisca parte do salário dos aposentados, uma verdadeira vergonha! O que demonstra que esse prefeito que não foi eleito pelo povo é, acima de tudo, antidemocrático.

O governo municipal conseguiu vencer essa batalha, mas o funcionalismo público deixou claro que não desistiu da guerra: não tem arrego, a luta continua!

As manobras dentro Câmara

Para o governo não foi fácil conseguir os 37 votos que precisava, no primeiro turno até voto virtual de vereador que estava fora do país foi contabilizado, algo totalmente imoral! Para além disso, a votação do PL 71 foi adiada por várias semanas, até conseguir reunir os votos necessários. O prefeito Ricardo Nunes(MDB) e presidente da Câmara Milton Leite (DEM),compraram os votos dos vereadores “indecisos” para virar o jogo contra os servidores públicos, por trás de tudo isso estão os banqueiros interessados em colocar as mãos em cima do patrimônio que pertence a esses trabalhadores. Enquanto isso, o prefeito concedeu aumento de 46% em seu próprio salário, passando a ganhar a partir de janeiro 34,5 mil reais por mês, concedeu mais 30% de aumento aos servidores comissionados, enquanto os servidores concursados tiveram zero por cento de aumento. Um verdadeiro escárnio para com a população paulistana.

Porém, o maior obstáculo de Ricardo Nunes estava na mobilização da categoria, a qual não recuou em nenhum momento, mantendo-se firme na defesa de seus direitos.

Uma coordenação do movimento vacilante

As direções sindicais, principalmente do SINPEEM (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo) na figura de Cláudio Fonseca junto com as centrais sindicais como a CUT e a CTB, têm uma grande responsabilidade nesta derrota por não construírem um processo de luta nas bases. Não adianta falar em greve e colocar trio elétrico na porta da Câmara, se as bases não são consultadas e convocadas para construir a luta. Em nenhum momento as propostas da Oposição foram colocadas para votação na base, o que prevaleceu foi a vontade da coordenação do movimento que tirava política da sua própria cabeça. Em todos os momentos que a categoria tentou radicalizar para pressionar o governo, a coordenação do movimento sabotou, acusando companheiros de infiltrados ou de baderneiros. Além de estar sempre um passo atrás do governo, permitindo que Ricardo Nunes se utilizasse do desgaste dos professores em função da greve sanitária no início do ano para passar o seu trator. Bem, com uma direção assim, fica fácil para qualquer governo vencer a categoria.

Assim, a greve geral do funcionalismo municipal foi uma mera formalidade. Pois, se tornou inócua e insuficiente para barrar o ataque que estava sendo arquitetado pelo governo. Nenhuma luta se sustenta sem a participação massiva das bases nas decisões, porque são justamente as bases que podem construir o melhor plano de ação de qualquer luta. É ela quem vai decidir se deve ou não fazer paralisações, atos, marchas ou fechamento de estradas.

Em qualquer movimento, é imprescindível dialogar com os companheiros e companheiras que não aderiram à greve, chamando-os para se somar na defesa da categoria. Esse vício da burocracia sindical, que só sabe falar em cima de um caminhão e atuar por cima da base, na prática contribuiu para a vitória do governo. E não podemos esquecer que essa guerra ainda não chegou ao fim, pois o próximo passo desse governo será atacar o Plano de Carreira do funcionalismo público. A exemplo dos professores da rede estadual que perderam as abonadas, quinquênios, sexta parte e limitou até mesmo as licenças médicas com a reforma administrativa do Governo Doria (PSDB); na rede municipal os educadores são a bola da vez. Sendo assim, é de fundamental importância a reorganização da luta de todo o funcionalismo municipal contra os próximos ataques do Governo Nunes.

Como reorganizar a luta?

Sem dúvida nenhuma, o funcionalismo público municipal recebeu um duro golpe, mas este golpe não eliminará a sua força e disposição para a luta. A vontade da categoria em defender suas conquistas foi demonstrada em todo momento, e devemos colocar nossas forças no sentido da reorganização. Para que assim, possamos derrotar esse projeto de reforma administrativa presente nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Sendo assim, é preciso superar as barreiras que as direções sindicais burocratizadas instalaram, passar por cima delas e construir uma poderosa organização de base, com assembleias por local de trabalho. No caso de professores e funcionários de escolas, essas assembleias devem ser por regiões de DREs e, posteriormente, se faça uma assembléia geral unificada de todas as categorias. Onde cada trabalhador ou trabalhadora tenha espaço para falar e decidir, praticando uma verdadeira democracia sindical. Se faz necessário exigir que os sindicatos ouçam e acatem os encaminhamentos das bases nessas assembléias, formando comitês de greve em cada região do município.

Para derrotar as políticas de desmonte do estado brasileiro, caberá aos trabalhadores a tarefa de fortalecer nossa organização de luta, transformando o dia 8/12/2021 em um dia de luta. Com mobilizações em todo o país, um dia de Greve Geral do funcionalismo público nas suas três esferas de governo.

Nós da Alternativa Socialista, corrente interna do PSOL, fazemos um chamado para todas as companheiras e companheiros que queiram construir esse trabalho nas bases da categoria a se somar conosco. Nenhum passo atrás servidores e servidoras, a luta continua e continuaremos de pé!