PSOE-PODEMOS: governo de coalizão longe das necessidades dos trabalhadores

O regime espanhol conseguiu formar um governo através de um acordo entre o PSOE e o Unidas  Podemos (UP). Essa é a aprovação parlamentar de Pedro Sánchez como presidente e Pablo Iglesias como vice-presidente. Guilherme Boulos saudou publicamente esse acontecimento político e afirmou ser “um dia histórico”. A partir do Bloco de Esquerda Radical do PSOL, queremos expressar nossa profunda diferença com esse posicionamento e esclarecer que é uma declaração pessoal e não uma definição política do partido.

Os socialistas não podemos celebrar a reeleição de um representante da burguesia (empossado presidente espanhol desde 2018) como Sánchez. Fazer isso significa celebrar a continuidade de um governo de ajustes, reformas trabalhistas nefastas, cortes na educação, saúde, moradia, enfim, um governo que garante lucros capitalistas que cortam direitos a trabalhadoras, trabalhadores e setores populares. O PSOE já governou e demonstrou em cada um de seus governos que nada de bom tem a oferecer ao povo espanhol. Não há nada de novo nesta posse que Iglesias e UP pintam como “um acontecimento histórico”.

Também significa dar as costas ao povo espanhol que luta contra o governo burguês e pró-imperialista do PSOE, que sustenta e protege o podre regime monarquista-parlamentar espanhol de ‘78, do qual ele próprio é responsável por fazer parte daquele pacto que estabeleceu uma constituição contra os direitos humanos, democráticos e sociais do povo. É o regime que milhões de catalães enfrentam nas ruas, protagonizando uma verdadeira revolução permanente que cresce reivindicando a independência justa e legítima de seu povo. Apoiar a posse desse governo significa saudar a estratégia da burguesia espanhola e européia de salvar esse regime marcado com sangue e que hoje está sofrendo uma grande crise graças às massivas mobilizações que a classe trabalhadora espanhola protagoniza.

Pablo Iglesias está no mesmo caminho que Lula aqui no Brasil ou Tsipras na Grécia. Ele está concorrendo como um verdadeiro garante capitalista, com um discurso cada vez menos vermelho. Longe está a referência dos PODEMOS que levantaram as bandeiras dos Indignados que enfrentaram Troika e o capitalismo. Hoje é contra a independência do povo catalão e a favor de governar com aqueles que governam contra o povo. Os brasileiros sabem muito bem o que isso significa, a experiência do PT e Lula é um sinal do futuro desses governos de conciliação de classes.

Não, companheiro, não podemos celebrar isso. Temos que rejeitar publicamente essa política que não faz outra coisa que trair nosso programa de independência de classe, que pede uma saída parlamentar da mão daqueles que governam o país ao serviço de empresários, corporações, banqueiros, Troika e imperialismo . A crise sofrida pelos trabalhadores e pelos pobres não é resolvida com belos discursos progressistas, como os que ouvimos de Iglesias, é resolvida lutando contra os regimes e governos que atacam os povos, assim como fazem os milhões que são revelados no mundo inteiro e na Espanha. E, dessa maneira, construindo a alternativa política necessária, o partido dos trabalhadores para governar a serviço dos 99%.

Convidamos toda a militância do PSOL para aderir a este apontamento que fazemos fraternalmente e que visa defender o partido anticapitalista e socialista que fundamos juntos.

BLOCO DA ESQUERDA RADICAL – PSOL