Não é por aí, Boulos.

Por Alternativa Socialista, PSOL

Em almoço com Manuela D’Ávila (PCdoB), Randolfe Rodrigues (Rede) e Juliano Medeiros, Guilherme Boulos diz que “Não é por uma eleição, é por uma geração”. Para bom entendedor, meia palavra…

Não só um acordo eleitoral, mas sim de projeto estratégico

O processo de “refundação” do PSOL não é novo, alertamos sobre há tempos. Junto ao Bloco de Esquerda Radical, defendemos a Tese para o 7° Congresso Nacional onde colocamos com absoluta firmeza que no partido estava em curso um processo liquidacionista contra o projeto histórico fundacional do PSOL. Esse projeto fundacional, sintetizado num programa de independência de classe e anticapitalista, é negado por completo pela direção majoritária atual, da qual Boulos é representante.

Essa declaração no almoço “com amigos” soma-se às demais declarações públicas onde os e as dirigentes do bloco dirigente PSOL de Todas as Lutas (PTL) se comprometem a ser parte de um próximo governo Lula/Alckmin e do que eles chamam um processo de “reconstrução do país”. Não se trata de uma tática eleitoral (equivocada, é claro), senão de um projeto estratégico para governar o Brasil junto a direita e a burguesia.

Resistência, Insurgência e Subverta: silêncio e omissão.

Como dissemos antes, para alguns de nós, as declarações destes dirigentes do PSOL não surpreendem. O que não fica claro é qual posição tem as correntes que afirmam veementemente ser contra conformar governo com a burguesia, e que fazem parte do PTL, como a Resistência, Insurgência e Subverta. Porque as principais lideranças do PTL e do PSOL hoje, não deixam de jurar seu apoio eleitoral em Lula/Alckmin, e se preparam para ser parte de seu governo, “ajudando a reconstruir o país”.

Acompanhar a política de apoio eleitoral em Lula/Alckmin e dizer que são contra a conformação do governo é uma meia verdade, ou direitamente um engano que persegue objetivos diferentes dos que se expressam publicamente. Honestamente, não se pode dizer uma coisa e fazer outra. Sua política vai de caminho a cooptação do PSOL pelo Estado burgues, embora vocês tentem explicar outra coisa. Praticam um duplo discurso que se distancia das posições históricas da tradição revolucionaria, chamando a votar em Lula/Alckmin junto àqueles que farão parte do seu governo, sem sequer alertar sobre essa traição.

Um honesto socialista deve explicar com absoluta claridade para a classe trabalhadora que um possível próximo governo Lula não é o nosso, mas sim dos patrões. E é por isso que os socialistas e as socialistas não faremos parte dele, esse é um limite de princípio revolucionário, já que ingressar num governo com a burguesia perde-se toda independência de classe e se passa a ser um colaborador do Estado que garante a exploração e a opressão capitalista.

Nosso governo é o da classe trabalhadora e do povo pobre

Nosso governo, o governo que construímos as e os socialistas revolucionários, é o daqueles que nunca governaram. É o governo dos e das trabalhadoras. Nossas conquistas estão sob risco com qualquer outro governo, porque estes são guardiões do lucro dos capitalistas e mais cedo ou mais tarde os enfrentaremos em defesa própria.

A defesa até as últimas consequências do PSOL independente e um programa socialista é o único caminho possível para avançar na construção do governo dos trabalhadores e trabalhadoras. Devemos ser a esquerda que não se rende com os cantos de sereia do possibilismo da conciliação e que, ao contrário, se apresenta diante as massas como uma alternativa política à esquerda do PT e seu governo Lula/Alckmin. Nossa tarefa é explicar com paciência, mas com muita firmeza, que esse governo atenderá os interesses dos mais ricos contra os das maiorias exploradas e oprimidas. Quem chama a confiar neles, sob o pretexto de ser “o mal menor”, está fazendo um chamado a confiar nos que amanhã continuarão aplicando políticas liberais contra o povo, desta vez com um perigoso perfil “popular”. Nenhuma confiança neste “revival” de governo da Frente Ampla, a política correta neste período de crise é chamar a construir uma Frente de Esquerda Socialista e ser uma verdadeira alternativa política para as maiorias.

Nenhum passo atrás!

A disputa dentro do partido tem escalado vários degraus, lamentavelmente. A direção majoritária vai a passo firme no processo liquidacionista. Na oposição, a esquerda da uma batalha para retomar o rumo marcado na fundação do partido. Nós da Alternativa Socialista, seguimos firmes até o final na defesa do PSOL independente, socialista e ao serviço dele construímos a pré-candidatura de Glauber Braga para a Presidência da República.

Fazemos um chamado a todos e todas aquelas que não querem retroceder, a somar forças com a esquerda consequente que não dá nenhum passo atrás!