Não à intervenção pró imperialista do Grupo de Lima. Pela autodeterminação do povo venezuelano

Na sexta-feira, 4 de janeiro, 13 dos 14 países que integram o Grupo de Lima, respaldados pelos Estados Unidos e as máximas autoridades da União Europeia, aprovaram uma declaração onde desconhecem a legitimidade do próximo governo de Nicolás Maduro, que assumirá um novo mandato no dia 10 de janeiro.

 

Dita declaração foi assinada pelos chanceleres da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia. O único país do grupo que não assinou foi o México. Na declaração convocam Maduro a não assumir seu próximo mandato e transmitir de maneira provisória as funções executivas à Assembleia Nacional, controlada pela oposição direitista e pró imperialista. Também se faz, depois de apontar de maneira enganosa de “condenar qualquer provocação… que ameaça a paz e a segurança da região”, uma ameaça de intervenção militar inaceitável.

 

Na continuação, lançam supostas sanções para obter este objetivo, tais como “reavaliar” as relações diplomáticas com a Venezuela, impedir a entrada de funcionários e boicotar financeiramente os negócios privados e do Estado venezuelano, tanto no âmbito dos países que integram o Grupo de Lima como em todos aqueles que queiram aderir sua campanha, entre outras resoluções.

 

Desde “Anticapitalistas em Rede”, manifestamos nosso total repúdio sobre esta ingerência de um grupo de governos que atuam como corrente de transmissão do imperialismo ianque, providos de um cinismo sem igual, como é o caso do governo colombiano, responsável por milhares de desaparecimentos e violações aos direitos humanos, ou do governo encabeçado pelo proto-fascista Bolsonaro, para tentar avassalar os direitos soberanos que apenas correspondem ao povo venezuelano. Nem democracia nem melhoras no nível de vida podem esperar os trabalhadores e o povo venezuelano da parte dos governos que não titubeiam em reprimir e violar aos direitos humanos em seus países para garantir os planos de ajuste que desenham os organismos internacionais e os Donald Trump, principais avassaladores de direita a nível mundial.

 

Anticapitalistas em Rede, organização internacional solidária com as posições da Marea Socialista na Venezuela, é profundamente crítica do governo de Maduro, ao que considera coveiro das conquistas da revolução bolivariano e máximo responsável de ter mergulhado o povo em uma grave crise humanitária, enquanto mantem os privilégios de uma elite de funcionários, empresários viciados e multinacionais. Mas ao mesmo tempo que seguimos denunciando seus atropelos aos direitos democráticos do povo venezuelano ou os do ditador Ortega contra o povo nicaraguense, condenamos toda ingerência imperialista, como a que levanta o Grupo de Lima e a direita venezuelana.

 

Seguimos sustentando que Maduro e Ortega devem sair. Mas são os trabalhadores e os povos da Venezuela e da Nicarágua que devem se mobilizar até tirá-los de cima e sem nenhum tipo de ingerência estrangeira decidindo seu futuro. É por esta razão que rejeitamos, por ser ilegítimo, um governo da Assembleia Nacional venezuelana imposto desde fora do país e apontamos que só o povo deve decidir seu destino, respeitando o básico e inalienável princípio democrático da autodeterminação dos povos.

 

Sobre esta base, apoiamos o chamado da Marea Socialista a seguir na luta em defesa de todos os direitos do povo venezuelano, entre eles o de salários dignos e também poder participar de eleições livres e sem nenhum tipo de proscrição e, nesse caminho, conquistar a recomposição orgânica e política da classe trabalhadora contra as políticas de Maduro. E construir nessa luta, a partir da Marea Socialista, uma alternativa política antiimperialista e anticapitalista que dê respostas para a crise que vive este nosso irmão país latino-americano.

 

/Anticapitalistas em Rede
Buenos Aires, 7 de janeiro de 2019