Mobilizações pelo Saara Ocidental na Espanha: “Sánchez, você não decide em meu nome!”

Mais uma punhalada histórica no povo saarauí. Pedro Sánchez alinha-se ao imperialismo estadunidense e recompõe sua relação com o reino alauita do Marrocos. A ONU e os imperialistas são responsáveis ​​por barrarem a descolonização do Saara Ocidental. O aval do governo de “coalizão progressista” ao plano de autonomia causou ampla rejeição. Milhares de jovens saarauís e ativistas europeus saíram às ruas por um Saara Livre. A mobilização luta pela autodeterminação. A unidade na luta com os trabalhadores e os povos marca o caminho para uma solução estratégica: uma Federação Livre das Repúblicas Socialistas numa África unificada.

Por Chaiaa Ahmed Baba e Rubén Tzanoff

Em 1884, a Espanha colonizou o território do Saara Ocidental até 1975, ano em que o ditador Franco abandonou o que até então era província 53, vindo em seguida a invasão de Marrocos. Agora é Pedro Sánchez quem deixa de lado as responsabilidades que cabem à Espanha no processo de descolonização, como antiga potência administrativa. A decisão do governo PSOE-UP de apoiar o plano de autonomia do Marrocos visa enterrar a autodeterminação do Saara.

Uma punhalada sorrateira do governo espanhol

Os pronunciamentos do PSOE para o Referendo já duram décadas e se repetiram tanto em sua plataforma eleitoral para as eleições de novembro de 2019 quanto nos discursos de Pedro Sánchez perante a ONU em setembro de 2020. O governo espanhol não tem nada de “progressista” ou de “esquerdas”, como se definem, e como Podemos, Izquierda Unida e outros defendem para justificar seu apoio a um governo burguês, tão mentiroso e defensor do regime quanto o Partido Popular.

Espanha por trás do imperialismo e ao lado do invasor

Sánchez tomou a decisão de se alinhar ao imperialismo estadunidense e reconstruir as relações políticas e comerciais com seus parceiros do antidemocrático reino alauita. Nada disso passou despercebido, na verdade ocupou os primeiros planos da cena política espanhola.

Rejeição do alto escalão

A nível internacional, a Argélia criticou a decisão de Sánchez. A posição definitiva adotada pelo regime argelino é importante por ser fornecedor de gás ao Estado espanhol, com projeção para a Europa. O Congresso também reclamou da falta de informação prévia. Lá, deputados de diferentes origens, inclusive partidos que defendiam o desastroso regime de 1978, pediram explicações. Além disso, o fundamental é que a raiva se manifestou em amplos setores populares.

Milhares de pessoas foram às ruas

Os saarauís reagiram de imediato, inundando as redes sociais com uma mensagem clara a Sánchez “Não decide em meu nome”. Associações a favor da autodeterminação convocaram manifestações. As ruas voltaram a tingir-se com as cores da bandeira saarauí. Os jovens lideraram os protestos em Madrid, Barcelona, ​​País Basco, Valência, Andaluzia, Galiza, Castilla y León e outros locais. Cada manifestação foi apoiada por amplos setores sociais. Este é o caminho a seguir para o governo reverter sua decisão desastrosa.

A ONU e os imperialistas, cúmplices necessários

A cada golpe no povo saarauí, reafirma-se o papel nefasto da ONU a partir da MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental). A intervenção serviu para consolidar a posição invasora e facilitar a busca de “novos acordos” que retirassem a autodeterminação. Confiar nos poderosos não serviu e não servirá aos saarauís para alcançar a liberdade.

Autodeterminação por um Saara Livre

A única solução justa para o conflito é que Marrocos saia dos territórios saarauís e de roubar os seus recursos. Com eles, os imperialistas de todos as matizes que saqueiam os recursos naturais, com as suas companhias, e o genocida Estado de Israel, vilmente introduzido pelas autoridades marroquinas, retirem-se do Magrebe.

Unidade das lutas

Apoiamos e convocamos as mobilizações ao mesmo tempo em que realizamos uma campanha de solidariedade internacional. Assim continuaremos, junto aos que lutam por liberdade, como fazem nossos irmãos palestinos, propondo a necessidade de unidade com as lutas dos trabalhadores do Magrebe, da Europa e outros povos oprimidos, como os ucranianos que sofrem com a invasão russa e o expansionismo do imperialismo ocidental.

Socialismo, uma estratégia mais atual do que nunca

O capitalismo imperialista está na base de todos os sofrimentos das grandes maiorias populares e dos povos oprimidos. Provoca crises sociais, guerras e a eliminação das liberdades democráticas básicas. Por isso, além de apoiar as lutas, propomos a necessidade de nos organizarmos para lutar por uma solução substantiva e estratégica, uma Federação Livre das Repúblicas Socialistas numa África unificada.