Carta de ingresso de Bruno Meirinho a Alternativa Socialista

Em defesa do PSOL, construir a Alternativa Socialista

A democracia eleitoral é uma conquista popular da maior importância, e nunca foi obtida sem luta. Defender a vigência de um sistema democrático deve ser bandeira dos socialistas, ainda que saibamos que a democracia eleitoral seja incapaz de modificar substancialmente o sistema.

Diante da falta de expectativas, setores da esquerda acreditam, de forma equivocada, que a defesa da democracia eleitoral exige a nossa adaptação, ainda que transitória, aos modelos da hegemonia burguesa. Correm em busca de alianças com a direita, ansiosos pelas mais amplas frentes para derrotar um inimigo comum.

Mas a política da negação não faz história, despolitiza.

É necessário afirmar um programa, e promover alianças que não diluam os socialistas em ambientes de hegemonia burguesa que dissipam toda diferenciação de classe, com retrocessos nas consciências.

Sob a inspiração de Plínio de Arruda Sampaio, sigo convencido da “política de maratona”. Correr com intensidade, ciente do longo caminho. Aqueles que buscam atalhos ou tentam encurtar o percurso, enfraquecem o programa socialista.

Conquistar o cotidiano, tornar-nos onipresentes, essa é a tarefa dos socialistas. Construir a militância desde as comunidades, na base territorial do movimento popular, é um modo de corrermos a maratona da história. Com esse compromisso, eu conheci a Alternativa Socialista – Liga Internacional Socialista, corrente que constrói o PSOL.

As conjunturas mais difíceis são aquelas que mais testam a tenacidade da militância. A força com que a AS/LIS ostenta o programa, sem, contudo, se render ao sectarismo, é um convite para a construção do socialismo.

O PSOL é o mais valioso instrumento de aliança para a afirmação do socialismo no Brasil. Nesse partido, um amplo espectro de tradições socialistas se reúnem sob pautas unitárias.

É verdade que a conjuntura da necessária derrota do bolsonarismo colocou o PSOL à prova como nunca antes. A maioria do partido optou pela via da unidade eleitoral com aqueles que não merecem a nossa confiança.

Desse modo, os socialistas abdicam espontaneamente de um direito da democracia eleitoral, e se colocam na clandestinidade. Esperam conter por dentro da aliança a sede da burguesia, e estabelecer laços que assegurem a defesa da democracia. Desperdiçam um momento único e deixam de afirmar o programa que realmente poderia representar a classe trabalhadora.

Mas o momento é de tolerância. O PSOL se restabelecerá, e chegará à maioridade com a experiência de que as divergências internas não são maiores do que os consensos. Essa convicção, que também vejo na AS/LIS consolida os elementos definidores de uma política de longo prazo: a) a defesa do socialismo revolucionário; b) a construção cotidiana desde as bases do movimento popular; e c) a defesa do PSOL.

Do mesmo modo, a construção da Liga Internacional Socialista revela a disposição de formar um ambiente de unidade de lutas anticoloniais em busca da solidariedade entre os povos e da revolução socialista. As posições políticas construídas de forma viva, sem dogmas, representam uma excelente novidade.

Com esses pontos, manifesto meu desejo de me somar à AS/LIS! Viva a luta dos trabalhadores! Viva a revolução socialista!

Curitiba, 3 de agosto de 2022

Bruno Meirinho.