As ruas são dos excluídos e excluídas!

Por Alternativa Socialista PSOL – LIS, Brasil.

Nos últimos dias se abriu um debate nas fileiras da esquerda e dos “progressistas” sobre os atos do 7 de Setembro, num contexto de aprofundamento da crise econômica, social e política que complica ainda mais a sobrevivência do governo Bolsonaro. Trata-se de um debate com consequências fundamentais para o futuro dos trabalhadores, trabalhadoras e todo o povo excluído no Brasil.

A tese do golpe ou avanço fascista

Diferentes partidos e correntes da esquerda e centro-esquerda caracterizam que Bolsonaro tem condições para levar a cabo seu projeto de golpe e sustentá-lo com um regime próprio, concretizando sua agenda conservadora, xenófoba, misógina, lgbtiqa+fóbica, impopular, anti-trabalhadora e genocida. Essa tese é sustentada apenas no discurso bolsonarista que, somada à crise do governo, se radicaliza e consolida um setor minoritário de extrema-direita na sociedade brasileira.

Mas essa mesma tese apaga (muitos conscientemente) que, para ser possível um avanço (neo)fascista, são necessárias uma série de condições sociais e políticas ausentes na atual situação do Brasil e da América Latina. Basta ler a imprensa burguesa para saber qual é política do poder econômico nacional e internacional hoje: a impaciência em garantir a realização da agenda de desmonte do Estado pelas reformas impopulares, o que Bolsonaro não cumpriu à risca até o momento e, por isso, repele cada vez mais os setores dominantes.

A disputa pelas ruas

“Bolsonaro abandona promessas e se agarra à radicalização do discurso” é o título do artigo publicado no jornal O Globo do domingo 5 de setembro. Uma dura cobrança do empresariado para um presidente que não consegue cumprir com suas promessas e, no desespero, se lança em um discurso radical de extrema-direita com a intenção de disputar as ruas no dia 7 de setembro, data do tradicional ato do “Grito dos excluídos”, que neste ano unificou com o grito pelo Fora Bolsonaro.

Recuado e isolado, Bolsonaro convoca a mobilização do dia 7S na tradicional Av. Paulista de São Paulo, local dos Atos Fora Bolsonaro. O parceiro de classe de Bolsonaro e governador do Estado de SP, João Doria, se alinhou à extrema-direita e garantiu o local para o ato bolsonarista, definindo que o Ato Fora Bolsonaro não podia ser realizado na Paulista.

A resposta equivocada da Campanha Fora Bolsonaro nesse momento, que não apresentou nem uma nota denunciando a decisão de Dória, significou um recuo político que deu margem ao avanço direitista do governador de São Paulo, dessa vez proibindo qualquer ato de oposição ao governo Bolsonaro nas ruas do dia 7S. Diante de tamanha provocação e só a partir daí, a Campanha Fora Bolsonaro decidiu responder judicializando por uma “ordem” frente a uma barbaridade inconstitucional como essa. Hoje, há poucos dias do 7S, vemos como essa política equivocada teve péssimas consequências para o nosso espaço político e como isso deu força ao discurso bolsonarista e a tentativa de enfraquecimento da mobilização contra o governo utilizando o medo como aliado disciplinador.

Fortalecer nossas lutas na construção da Greve Geral!

A história da luta contra a extrema-direita demonstra que nunca foi possível derrotá-la sem ganhar as ruas. A política do medo não é aliada do fortalecimento de nossa luta, ao contrário, é aliada da desmobilização. É por isso que nós da Alternativa Socialista, integrantes do Movimento Esquerda Radical do PSOL, chamamos a fortalecer os Atos Fora Bolsonaro e o Grito dos Excluídos em todo o país. É agora que o nosso grito deve ser mais forte que nunca, demonstrando que somos maioria.

Por conseguinte, os atos de rua serão insuficientes se não existir um plano de luta coordenado nacionalmente que combine todas as lutas do povo excluído no Brasil. Devemos construir democraticamente esta luta com a participação das bases sindicais e sociais de cada central, sindicato e movimento social. As direções das Centrais e das Frentes devem construir esses espaços democráticos de participação das bases e jogar força pela construção da Greve Geral Nacional contra esse governo corrupto, genocida e ecocida. Não é hora de recuar, é momento de luta e organização, vamos hoje, mais do que nunca, para as ruas gritar Fora Bolsonaro e Mourão!